Uma entrevista do lateral direito Hélder para o SambaFoot:
Como foi o início da sua carreira?
Eu comecei a jogar bola em 2006, no Juventude. Eu até fui para a Grécia, em 2005, mas no Brasil mesmo foi no Juventude.
E como foi lá na Grécia?
Foi
uma experiência boa e ruim ao mesmo tempo, porque eu não conhecia muita
gente, estava com um cara que só queria brincadeira... Fiquei lá uns
quatro meses, mas foi uma experiência frustrada.
Como você foi parar no Juventude?
Nessa
época aí, eu ia parar de jogar futebol, porque estava quase com 18 anos
e tinha aquela pressão de ter que definir a vida e não ter
oportunidades. Eu era volante na época, mas apareceu a chance de fazer o
teste, só que como lateral-direito. Eu acabei fazendo e fui aprovado no
Juventude.
Como foi esse período?
Foi
ótimo. Eu passei 6 meses na categoria júnior e logo depois fui para o
profissional. Tinha alguns problemas com a equipe, porque muita gente
queria mandar, mas foi legal, não tenho nada para reclamar da Juventude
não.
De lá você foi para o Internacional...
Isso,
fiquei oito, nove meses no Inter, mas só fiquei dois meses na equipe
principal. A maior parte do tempo eu passei no Inter B. Em janeiro de
2008, eu voltei para o Juventude. Aí joguei o Gauchão por três ou quatro
meses e vim para o Nancy.
Como foi a adaptação na França?
Ah,
foi difícil, cara. Mas tem um brasileiro aqui, o André (Luiz, capitão
do time), que acabou me ajudando. Foi complicado, mas aos poucos foi
indo. Fui aprendendo muita coisa de tática, essas coisas assim. Com fé,
você acaba tendo o resultado depois.
E qual foi a diferença que você viu entre o futebol brasileiro e o futebol da Europa?
Como
eu converso com o meu amigo aqui, o futebol da Europa não para. É
chutão, contato físico, toda hora a bola está no seu pé... Não dá tempo
de pensar, nem de fazer nada. É complicado mesmo, essa é a principal
dificuldade. No Brasil, você tem tempo para respirar. Aqui, o único
tempo que dá para respirar é quando acaba o primeiro tempo.
Você prefere o estilo brasileiro?
Prefiro, até por isso estou querendo voltar para o Brasil.
Você também passou pela Romênia... Como foi lá?
Logo
depois que eu cheguei, eu fui emprestado, em 2009/2010. Eu não conhecia
muito a Europa, para mim era tudo igual em termos de futebol. Acabou
sendo legal, mas também teve o seu lado ruim. Foi bom porque eu joguei
75 jogos em dois campeonatos, mas lá tem muito problema de questão
financeira. Tirando isso, não tive nenhum problema. Lá, a maioria das
equipes não tem um presidente, os clubes têm dono. Então, se o dono
quiser te pagar, ele paga. Se não quiser, não paga, e assim vai. Mas a
experiência foi legal, porque joguei bastante.
Você passou por três clubes na Romênia...
Joguei
primeiro no Rapid Bucaresti e depois fui para o Dínamo Bucaresti, que é
como se você saísse do Cruzeiro para o Atlético-MG... Eu fui o primeiro
jogador em 30, 40 anos a fazer essa troca. Eles acharam errado, porque,
ainda mais sendo estrangeiro, pensaram que eu estava desrespeitando o
país. Isso foi um dos motivos que me fez sair da equipe três meses
depois de ter chegado. Acabei indo para o Timisoara, onde foi bem
melhor. Joguei muitas partidas e quase fomos campeões.
E o futebol na Romênia, é muito diferente do que se joga na França?
O
futebol da Romênia, para te falar a verdade, parece até um pouco com o
futebol brasileiro. Não pela técnica, mas pelo espaço. É mais leve, mas
falta muita coisa. O Campeonato Romeno é muito desorganizado, mas agora
eles estão melhorando. Se eles continuarem evoluindo, daqui a pouco eu
acho que vão ter o resultado.
Você voltou para o Nancy porque encerrou o seu contrato de empréstimo, né?
Junto
com a minha esposa eu tomei a decisão de voltar, até pensando em um
plano de carreira. Com dois anos de contrato com o Nancy eu poderia
sair, voltar para o Brasil... Estando na Romênia, isso seria mais
complicado. Por isso a gente conversou e acabou voltando em 2011/2012.
No Brasil, o lateral-direito geralmente se manda para o ataque, mas na Europa não é tanto assim...
Aqui,
eles prezam, em primeiro lugar, a marcação. Esse é um dos problemas que
eu tive aqui. Com o treinador atual, eu jogo praticamente de meia, e
não de lateral. Pelo fato de eu ter a velocidade e a força como grandes
características, ele me deixa mais do meio para frente e o zagueiro
atrás. Essa é a grande diferença. Quando eu cheguei aqui, no meu
primeiro jogo, eu pegava a bola e me mandava. Ele gritava comigo, e eu
não entendia nada. Até me deu uma bronca no intervalo. E eu achava que
ele estava me encorajando, mas na verdade não estava (risos).
E fora dos gramados? Que outros aspectos da cultura na Europa você notou de diferente?
Eu
vou contar uma pequena história sobre isso. Quando eu vim para o Nancy,
o time estava numa cidade chamada Colmar, em preparação para um jogo.
Eu tinha viajado o dia inteiro e estava com uma fome, uma fome... E
para comer, você não acredita. Vieram três pedaços de abacate, dois
camarões, um pedaço de peixe e pão. Ali eu percebi que a culinária ia
ser um problema.
E como você fez para se adaptar a isso?
Minha
mãe e minha esposa traziam arroz, feijão, tudo o que você pode imaginar
de comida do Brasil (risos). Mas com o tempo eu fui me acostumando.
Hoje é mais tranquilo.
Você sempre teve a família por perto durante sua passagem pela Europa?
Sempre.
Principalmente minha esposa, que me acompanhou na Romênia. Minha mãe já
morou comigo aqui na França, e no fim desse ano ela vem passar o Natal e
o Ano Novo aqui. É importante ter essa presença por perto. Se não, não
dá para aguentar.
Como você
vê o momento do Nancy no Campeonato Francês? O que acha que está
acontecendo com o time, que se encontra na última posição na tabela?
O
que resume todo o nosso problema é a falta de confiança. A gente está
demorando muito para adquirir isso. Quando eu cheguei aqui, o time ficou
em quarto lugar. Foi um estouro. Só que de um ano para cá houve muitas
mudanças. Em um ano, 14 jogadores saíram e entraram outros novos. Isso
fez com que o estilo de jogo mudasse. Mas no passado foi a mesma coisa.
Até antes de acabar o primeiro turno, a gente estava mal e todo mundo
falava “o Nancy vai cair”, e acabamos terminando em 11º. Só que agora a
gente não pode demorar muito, né?
Você
acha que os resultados conquistados no ano passado fizeram com que se
criasse uma expectativa muito além da realidade da equipe para esse ano?
Isso
se refletiu até na cabeça dos jogadores. Ano passado nós batemos
praticamente todos os grandes em casa, e foi na superação. Ganhamos do
Lyon, do Montpellier e até do Paris Saint-Germain, este último na casa
deles. Hoje, já temos oito derrotas consecutivas. Tivemos problemas com a
torcida, que andou tentando invadir o vestiário... O momento é difícil.
Só que agora começa um mini campeonato, com as equipes que ocupam a
parte de baixo da tabela. Nesse momento, a gente não pode mais perder
pontos.
Você falou do Paris
Saint-Germain, que montou um supertime esse ano. Como está o clima entre
os jogadores aí depois que a equipe deles foi formada?
Eu
considero o PSG uma das equipes mais respeitadas aqui no Campeonato
Francês nesse momento. Só a chegada do Ibrahimovic e do Thiago Silva já
diz muita coisa. E eu vou te falar que já vi muitos atacantes bons no
Brasil e na Europa, mas, igual ao Ibrahimovic, não tem. A prova é o
golaço que ele fez aí esses dias (gol de bicicleta, na vitória da Suécia
contra a Inglaterra por 4 a 2, em amistoso). Então, não tem nem o que
falar de um cara desses. E o Thiago Silva também dispensa comentários. A
gente só tem a agradecer, porque é um jogador desses que abre as portas
para nós aqui fora do Brasil.
Você acompanha o que acontece no futebol brasileiro?
Acompanho
um pouco, mais pela internet. De vez em quando eu vejo os jogos. Mas
confesso que fico mais preocupado é com o “vai-e-vem”.
O seu contrato aí vai até quando?
Até junho do ano que vem.
Mas você pensa em voltar para o Brasil?
O meu presente de Natal seria voltar para o Brasil.
Tem alguma preferência de time?
No momento eu não posso ter preferências. O mais importante é voltar para um grande clube do Brasil. Depois, a gente se vira.
Olá turma do Informativo Inter,
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